quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Chat

Passava horas na Internet, no Chat, pesquisando sites sobre o assunto que empolgasse no momento ou simplesmente lá. A noite era pequena para sua sanha. No Messenger conversava com alguns internautas. Prosa micro, cifrada em letras econômicas, dizendo pouco, apenas querendo fazer constar o estar on-line. Com um a coisa andou e aprofundou, chegaram a trocar nomes e fotos pessoais. Várias vezes, no auge da intimidade, revelaram os números dos respectivos celulares.
A dor nas costas incomodava. Num tempo de cinco meses trocou a poltrona do computador quatro vezes, foi ao médico, fez terapia, massagens e tomou oitenta envelopes de anador. Com raiva, por conta da dor, viajava pelas salas de bate-papo soltando veneno.
Entrava numa sala com dois ou três nicks diferentes e forjava uma troca de desaforos em aberto até envolver quase todos numa guerra geral. Era como uma explosão de nervos, tensões acumuladas achando canais de afiar as garras na tela do outro. No calor da discussão, a sala inchava como se fosse sobrar da telinha e espalhar nicks e respostas malcriadas pelo quarto. Depois, ia saindo gente até ficar desinteressante.
Naquele dia, ele, entusiasmado que estava, tanto empenho colocou na quizunga virtual, que brigou consigo mesmo, descobrindo em seu outro um grande argumentador, talvez o único que valesse à pena. Depois de onze dias, cinco horas e trinta e dois minutos arrombaram o seu quarto. Ele brigava com doze ele mesmo!
Onaldo Alves Pereira

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