A minha religião
Perguntado sobre a minha religião respondo: a Vida!
Se insistir no particular e simbólico, direi que sou animista, zoroastriano, candomblecista, judaico, hinduísta, budista, cristão, pagão, jain, caodai, xintoísta, taoísta, sikh, bahai, islamita, etc e etc. Tudo ao mesmo tempo, nessa salada mista e paradoxal.
Amo e admiro cada uma delas. Rejeito tudo o que nelas discrimina a mulher, o diferente, os gays e lésbicas e o mundo. Trabalho para que não mais derramem sangue em guerras. Espero que se suavizem e deixem de ser fonte de fanatismos.
O que nelas mais me fala à alma? A sua capacidade de provocar no ser humano a apreciação e a prática gratuita do bem. Ainda: a sua arte, poesia, templos e ritos enfeitam a Vida!
Onde a vida se manifesta aí está a Vida, Deus, Deuses e Deusas, a verdadeira religião, a que permeia todas as tradições da espiritualidade humana!
Inquirido sobre se creio em Deus, direi que sim. Se sou monoteísta? Sou. Se politeísta? Sou.
De novo, se creio em Deus? Sou ateu.
Creio nos crentes mais que nas crenças.
Sou tudo o que o ser humano é e nisso vou me descobrindo completo!
Que mixórdia sou, então?
Que loucura sou eu?!
Um ser humano que se assume por inteiro, inclusive no que desconhece de si mesmo. Que se descobre a cada passo mais que só essa pessoa com nome e endereço fixo, mas também ela, integralmente.
Sou um ponto de encontro, onde tudo se mistura, se desentende, se resolve e resulta nesse sublime mosaico que se pode chamar Vida.
A Vida de nossas vidas!
Prefiro conferir à minha experiência com o numinoso o nome de Vida. Outros nomes também servem, até a palavra Deus. Vida, contudo, catalisa todos os sentidos em algo mais aberto e generoso, como o oceano recebe os rios.
Onaldo Alves Pereira
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